terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mudança

migrei para: http://artificialsweetenes.wordpress.com

sábado, 8 de agosto de 2009

À Deriva

Eu não vi "Nina", mas eu gostei consideravelmente de "O Cheiro do Ralo", então ontem fui ver "À Deriva" com muitas expectativas. Eu ja tinha lido mil coisas, já sabia que o filme tinha ido pra Cannes, bla, bla, bla. Então como os filmes que eu quero ver sempre saem de cartaz antes que eu consiga vê-los (vide "A festa da menina morta") pentelhei minha mãe, larguei mão do festival de cinema judaico e fui ver esse filme.
Pra começar "À Deriva" é um ótimo título. Ótimo para o filme inclusive, uma vez que é realmente isso que acontece com a personagem, ela perde balizas, perde apoio e rumo e tudo que pode fazer é se deixar levar, porque a vida desmorona, mas não para.
Na realidade, eu achei a fotografia meio bonita demais, assim como o cenário de Buzios. Mas enfim, tem uma intenção legal de fazer a imagem parecer um filme antigo, como aqueles que você tem em casa da sua festa de infância. Aliás o filme é de alguma época que você não consegue identificar bem, talvez os anos 80. Fico em dúvida sobre falha na direção de arte ou essa vontade de que o filme pareça uma lembrança, algo que ficou perdido em algum tempo.
Mas o que gostei de verdade é a sutileza. O como os fragmentos da vida dos personagens vai sendo jogado, mas não é nunca unido, porque vemos tudo pelos olhos de uma garota de 14 anos que pouco compreende. Aos poucos você vai entendendo mil nuances do relacionamento, compreendendo razões e desesperos. Sem que nenhum deles tenha que ser didaticamente explicado para você.
Aliás, melhor plano do filme quando o personagem do Vincent Cassel está totalmente destruido, mas você não o vê, você ve o como ele é incapaz até mesmo de lavar a louça, desorientado.
Não é um filme genial, mas é um filme incrível em tanta sutileza, que constroi personagens bastante profundos e bastante humanos, que mostra muita coisa sem dizer nada. Inclusive ao futuro da Filipa, a personagem que se vê começando a compreender o mundo. E para mim, conseguir construir tanta atmosfera, e tanto tecido de personagens é um mérito enorme.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Watchmen

(primeiro aviso é: eu não li os quadrinhos. Então vou simplesmente me referir e falar do filme sem saber se eram dados originais ou não)

Pior do que eu esperava.
Mas bom, não é ruim. É aquela linha x-men, cavaleiro das trevas de "heróis perturbados e não tão heróis assim", que na realidade eu bem que gosto.
Mas o que eu acho é que o filme tem medo da sua própria amargura. Ele tem medo de concluir que essa humanidade realmente não merece ser salva e que de qualquer forma isso é impossível, é da natureza humana se auto-destruir.
Eu acho que o filme se alterna entre personagens bastante poderosos dramaticamente, instigantes e com essa visão de mundo mais amarga que torna o filme diferente e original. Por exemplo o Rorschach ou o Comediante, e personagens fracos, mais incluidos na idéia do super-heroi. Como a Laurie e o Dan, que na verdade vão na linha "somos pessoas normais", tanto que você sai do filme lembrando bem mais o nome real deles do que o nome de "herói"
Acho também que é um filme longo demais e que deixa de lado explicações importantes, talvez partindo do pressuposto que a maior parte das pessoas que assistiriam teriam lido os quadrinhos. Mas um filme é um filme e tem que sempre ser uma obra em si mesma. Então muitas coisas que eu teria gostado de saber sobre os personagens e o grupo como um todo, o filme apenas pincela.
Tem também uma ambição de mesclar fios e núcleos narrativos e ações simultâneas que se juntam no final, mas que acaba deixando o filme um pouco cansativo e na realidade a costura dos eixos é um pouco frouxa. No entanto a fotografia é excelente, a direção de arte meticulosa (o que é sempre uma qualidade) e os atores melhor do que a média para um filme de ação.
Enfim, eu acho que é um filme com bastante potencial, mas teve medo de si próprio. Mas bom... são tempos politicamente corretos estes.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Avenida Dropsie

Avenida Dropsie é uma peça de teatro que está integrando a retrospectiva de 15 anos da Sutil Companhia de Teatro. Eu pouco sabia sobre a sutil, menos ainda sobre a peça, exceto que era baseada em quadrinhos do Will Eisner, mas fui pela cenografia da Daniela Thomas.
Me surpreendi com a peça. É uma coisa bem pop, pequenos esquetes sobre casos da "cidade grande" (leia-se NY, mas alguns deles poderiam ser aqui), trilha sonora pop e projeções em uma tela muito fina que separa a boca de cena da ação.
Tem uma coisa estética bem legal, todo um cuidado, as projeções parecem quase serem feitas no ar e a cena da chuva é impressionante. Mas os virtuosismos da Daniela Thomas nunca vem a toa e a peça tem uma ambientação anos 30 que está a serviço de resgatar o universo do Will Eisner e criar todo um charme que contribui para o carisma da montagem. Ainda que em alguns momentos haja uma mescla de tempos, como os fones de ouvido, a música da Britney Spears ou os punks (muito bem classificados no esquete "fiéis").
Mas a peça ganha tudo pelo humor. É fino, naquela linha Woody Allen (na realidade na linha de uma longa tradição de humor judaico, mas vá lá). E o humor na verdade vem carregado de uma amargura sem fim e de uma reflexão que é na realidade um pessimismo profundo travestido de um otimismo poético.
Dentro de toda a ironia surgem momentos como a Idish Mama batendo o telefone na parede (humor judeu funciona porque por mais caricato que seja você conhece alguém assim!) e "Rehab" traduzido para o espanhol . Porque as vezes humor tem que ser descarado.
Enfim, um humor fino a serviço de reflexões amargas vestidas de ares pop. Me gusta

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Esse não é um blog exclusivo para o que eu não gosto. É só um blog para eu dar minha opinião e brincar de crítica. Mas bom, hoje ele vai fazer juz ao nome.
As 2 e pouco da tarde sai de casa e andei até o shopping mais perto para ver "Se eu fosse você 2" para um trabalho de som. Não sei porque raios um professor manda uma turma ver esse filme e escrever duas páginas analisando o som dele, mas, bom... é a vida.
Então fui, com toda minha relutância, pensando "não é possível que não tenha uma ou duas boas piadas". Então, é.
Pra começar o filme é absurdamente preconceituoso. Tão machista que eu estou até agora pensando se eu posso acusar esse filme disso para algum orgão. Mais ou menos assim: a mulher não trabalha, não faz nada de produtivo, apenas compra com o cartão de crédito do marido; desdenha um álbum branco dos Beatles e quando o marido faz uma referência ao "Primo Basílio" ela diz "que?"; além disso ela é absolutamente católica.
Enquanto o marido é razoavelmente culto, dono de uma grande agência de publicidade, pão-duro e (um adorável clichê da globo filmes) era comunista. E é, claro, ateu.
Além disso tem o clássico a mãe apoia a filha com o namorado enquanto o pai, machista e conservador, acha que qualquer cara que chega perto da filha é um cachorro. E é mais bruto que um neandertal.
Seguindo assim o filme já seria ruim. Mas ainda poderia ser dito "mas é bem feito"
Mas não é! Globo Filmes, tome vergonha na cara e use a droga do dinheiro público que você pega para fazer uma coisa decente! Sem um tony ramos laranja e brilhante, uma direção de arte pra lá de obvia, cenários que gritam "sou cenário", um som que parece dublagem da era da chanchada, uns efeitos sonoros falsos e uma montagem medonha.

Shame on you Globo Filmes. E nos 4 milhões de pessoas que vão ver isso, mas não se dignam a levantar a bunda da cadeira para ver um filme nacional decente.