sexta-feira, 3 de abril de 2009

Avenida Dropsie

Avenida Dropsie é uma peça de teatro que está integrando a retrospectiva de 15 anos da Sutil Companhia de Teatro. Eu pouco sabia sobre a sutil, menos ainda sobre a peça, exceto que era baseada em quadrinhos do Will Eisner, mas fui pela cenografia da Daniela Thomas.
Me surpreendi com a peça. É uma coisa bem pop, pequenos esquetes sobre casos da "cidade grande" (leia-se NY, mas alguns deles poderiam ser aqui), trilha sonora pop e projeções em uma tela muito fina que separa a boca de cena da ação.
Tem uma coisa estética bem legal, todo um cuidado, as projeções parecem quase serem feitas no ar e a cena da chuva é impressionante. Mas os virtuosismos da Daniela Thomas nunca vem a toa e a peça tem uma ambientação anos 30 que está a serviço de resgatar o universo do Will Eisner e criar todo um charme que contribui para o carisma da montagem. Ainda que em alguns momentos haja uma mescla de tempos, como os fones de ouvido, a música da Britney Spears ou os punks (muito bem classificados no esquete "fiéis").
Mas a peça ganha tudo pelo humor. É fino, naquela linha Woody Allen (na realidade na linha de uma longa tradição de humor judaico, mas vá lá). E o humor na verdade vem carregado de uma amargura sem fim e de uma reflexão que é na realidade um pessimismo profundo travestido de um otimismo poético.
Dentro de toda a ironia surgem momentos como a Idish Mama batendo o telefone na parede (humor judeu funciona porque por mais caricato que seja você conhece alguém assim!) e "Rehab" traduzido para o espanhol . Porque as vezes humor tem que ser descarado.
Enfim, um humor fino a serviço de reflexões amargas vestidas de ares pop. Me gusta

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