quarta-feira, 8 de abril de 2009

Watchmen

(primeiro aviso é: eu não li os quadrinhos. Então vou simplesmente me referir e falar do filme sem saber se eram dados originais ou não)

Pior do que eu esperava.
Mas bom, não é ruim. É aquela linha x-men, cavaleiro das trevas de "heróis perturbados e não tão heróis assim", que na realidade eu bem que gosto.
Mas o que eu acho é que o filme tem medo da sua própria amargura. Ele tem medo de concluir que essa humanidade realmente não merece ser salva e que de qualquer forma isso é impossível, é da natureza humana se auto-destruir.
Eu acho que o filme se alterna entre personagens bastante poderosos dramaticamente, instigantes e com essa visão de mundo mais amarga que torna o filme diferente e original. Por exemplo o Rorschach ou o Comediante, e personagens fracos, mais incluidos na idéia do super-heroi. Como a Laurie e o Dan, que na verdade vão na linha "somos pessoas normais", tanto que você sai do filme lembrando bem mais o nome real deles do que o nome de "herói"
Acho também que é um filme longo demais e que deixa de lado explicações importantes, talvez partindo do pressuposto que a maior parte das pessoas que assistiriam teriam lido os quadrinhos. Mas um filme é um filme e tem que sempre ser uma obra em si mesma. Então muitas coisas que eu teria gostado de saber sobre os personagens e o grupo como um todo, o filme apenas pincela.
Tem também uma ambição de mesclar fios e núcleos narrativos e ações simultâneas que se juntam no final, mas que acaba deixando o filme um pouco cansativo e na realidade a costura dos eixos é um pouco frouxa. No entanto a fotografia é excelente, a direção de arte meticulosa (o que é sempre uma qualidade) e os atores melhor do que a média para um filme de ação.
Enfim, eu acho que é um filme com bastante potencial, mas teve medo de si próprio. Mas bom... são tempos politicamente corretos estes.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Avenida Dropsie

Avenida Dropsie é uma peça de teatro que está integrando a retrospectiva de 15 anos da Sutil Companhia de Teatro. Eu pouco sabia sobre a sutil, menos ainda sobre a peça, exceto que era baseada em quadrinhos do Will Eisner, mas fui pela cenografia da Daniela Thomas.
Me surpreendi com a peça. É uma coisa bem pop, pequenos esquetes sobre casos da "cidade grande" (leia-se NY, mas alguns deles poderiam ser aqui), trilha sonora pop e projeções em uma tela muito fina que separa a boca de cena da ação.
Tem uma coisa estética bem legal, todo um cuidado, as projeções parecem quase serem feitas no ar e a cena da chuva é impressionante. Mas os virtuosismos da Daniela Thomas nunca vem a toa e a peça tem uma ambientação anos 30 que está a serviço de resgatar o universo do Will Eisner e criar todo um charme que contribui para o carisma da montagem. Ainda que em alguns momentos haja uma mescla de tempos, como os fones de ouvido, a música da Britney Spears ou os punks (muito bem classificados no esquete "fiéis").
Mas a peça ganha tudo pelo humor. É fino, naquela linha Woody Allen (na realidade na linha de uma longa tradição de humor judaico, mas vá lá). E o humor na verdade vem carregado de uma amargura sem fim e de uma reflexão que é na realidade um pessimismo profundo travestido de um otimismo poético.
Dentro de toda a ironia surgem momentos como a Idish Mama batendo o telefone na parede (humor judeu funciona porque por mais caricato que seja você conhece alguém assim!) e "Rehab" traduzido para o espanhol . Porque as vezes humor tem que ser descarado.
Enfim, um humor fino a serviço de reflexões amargas vestidas de ares pop. Me gusta

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Esse não é um blog exclusivo para o que eu não gosto. É só um blog para eu dar minha opinião e brincar de crítica. Mas bom, hoje ele vai fazer juz ao nome.
As 2 e pouco da tarde sai de casa e andei até o shopping mais perto para ver "Se eu fosse você 2" para um trabalho de som. Não sei porque raios um professor manda uma turma ver esse filme e escrever duas páginas analisando o som dele, mas, bom... é a vida.
Então fui, com toda minha relutância, pensando "não é possível que não tenha uma ou duas boas piadas". Então, é.
Pra começar o filme é absurdamente preconceituoso. Tão machista que eu estou até agora pensando se eu posso acusar esse filme disso para algum orgão. Mais ou menos assim: a mulher não trabalha, não faz nada de produtivo, apenas compra com o cartão de crédito do marido; desdenha um álbum branco dos Beatles e quando o marido faz uma referência ao "Primo Basílio" ela diz "que?"; além disso ela é absolutamente católica.
Enquanto o marido é razoavelmente culto, dono de uma grande agência de publicidade, pão-duro e (um adorável clichê da globo filmes) era comunista. E é, claro, ateu.
Além disso tem o clássico a mãe apoia a filha com o namorado enquanto o pai, machista e conservador, acha que qualquer cara que chega perto da filha é um cachorro. E é mais bruto que um neandertal.
Seguindo assim o filme já seria ruim. Mas ainda poderia ser dito "mas é bem feito"
Mas não é! Globo Filmes, tome vergonha na cara e use a droga do dinheiro público que você pega para fazer uma coisa decente! Sem um tony ramos laranja e brilhante, uma direção de arte pra lá de obvia, cenários que gritam "sou cenário", um som que parece dublagem da era da chanchada, uns efeitos sonoros falsos e uma montagem medonha.

Shame on you Globo Filmes. E nos 4 milhões de pessoas que vão ver isso, mas não se dignam a levantar a bunda da cadeira para ver um filme nacional decente.